A João Cabral de Melo Neto
poesia não é dor
como dizia Pessoa
é faca e mineral
como dizia Cabral
não é flor, somente flor
mas também fezes
atiradas que sejam
de um canhão
é aguardente
na goela do sujeito
que desce queimando
sem reclamar do jeito
é madeira
é aço,
ferro
cobre
alumínio
ou plástico
que se encontra
em qualquer copo
ou na mesa de qualquer bar
por isso,
quando quero poetizar
ponho alguns trocados no bolso
e encho a cara de poesia
bebo até topar!
depois urino nas paredes
que me seguram no mundo