Nem tudo anda para trás
Os sinos não tocam mais canções
E as lembranças ainda comigo vagueiam.
Levo no tempo a saudade de tudo que não vi,
Mas nem por isso deixaram de existir
Ao meu lado ou a minha frente.
Algumas canções apenas se fizeram ouvir
Longe, muito longe, de mim e do mundo.
O vento as trazia das distâncias,
Dos lugares longínquos da terra
E da minha memória já tão apagada.
Não sei como se fazem essas coisas,
Não as conheço em sua origem
Quando o antes era somente o nada.
Trago no bolso migalhas de pão da última ceia...
Nas paredes velhos sonhos naufragam em vinho
Enquanto o céu se fecha na sala de jantar.
Parece que tudo estava ali: o pão, o vinho e eu
Servindo o meu passado
Como se fosse um estranho.